Orgânico Sintético: Jorge Zalszupin 100 years

Os volumes brancos e curvos, sustentados por paredes grossas, parecem ter sido moldados em barro. Vistos em planta, os ambientes se contraem em movimentos orgânicos, aludindo ao labirinto de Dédalo, criador simbólico da arquitetura. E se assemelham, muitas vezes, a quartos de embarcações e a cápsulas de astronautas.

Se o mobiliário desenhado por Jorge Zalszupin prima pelo rigor e síntese, orientado para a produção industrial, sua arquitetura residencial revela, no polo oposto, um gosto pela artesanalidade e pelo organicismo, de fundo romântico e expressionista. Para esse judeu polonês imigrado para São Paulo após a Segunda Guerra Mundial, Alvar Aalto, Antoni Gaudí e a arquitetura vernacular mediterrânea parecem ter sido influências decisivas, buscando em Le Corbusier não o purismo nem a pedagogia estrutural, mas o simbolismo das pesadas lajes curvas de concreto, tal como vemos na Capela de Ronchamp.

Se na exposição sediada no Museu da Casa Brasileira apresentamos a face mais pública de Zalszupin, designer de móveis e autor de edifícios, aqui enfocamos um lado mais íntimo de sua personalidade, ligado aos universos doméstico e familiar. Nessa chave, procuramos estabelecer diálogos com trabalhos escultóricos de artistas brasileiros que também se inspiraram no mundo orgânico, e em uma poética da subjetividade.

Entre o racionalismo do design e a recusa da funcionalidade pela arte, a produção de Jorge Zalszupin traça um caminho singular. Esperamos que a comemoração do seu centenário possa lançar luz sobre as particularidades dessa
obra tão intrigante, ajudando-nos a conhecer melhor suas complexidades.

Guilherme Wisnik

 

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