A marca de móveis l’atelier foi fundada por Jorge Zalszupin em 1959 e gerida por ele até o final da década de 1970. Conhecida pelo uso da madeira laminada curvada e, posteriormente, pela inovação com o plástico, começou como uma pequena manufatura de elegantes móveis modernistas e chegou a ser uma fábrica com mais de duzentos funcionários produzindo em série linhas irreverentes de móveis e objetos com ares futuristas, contribuindo para a industrialização da produção moveleira no Brasil.
A presente exposição inspira-se nos catálogos e propagandas da l’atelier para propor um diálogo entre design, arte e arquitetura imbuído do espírito livre e bem-humorado de seu fundador. Na comunicação da marca, os princípios racionalistas mesclavam-se à ludicidade e, por vezes, à ironia: sob uma identidade gráfica arrojada e pop, composições juntavam o mobiliário com obras de arte abstratas e geométricas de cores vibrantes, conferindo jovialidade às composições.
Ambientado na casa de Zalszupin, o mobiliário modernista da l’atelier contracena com obras de artistas contemporâneos ao arquiteto ligados ao construtivismo. Ao unir arte, arquitetura, design gráfico e de mobiliário em um pensamento integrado, foi natural que artistas construtivistas tenham transitado entre essas diversas disciplinas, como foi o caso de Geraldo de Barros, Hércules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Lygia Pape e Maurício Nogueira Lima, entre outros.
A liberdade do pensar e do fazer foi um valor fundamental na trajetória de Jorge Zalszupin e se reflete na produção da l’atelier, onde conviveram rigor e expressividade formal. Com o mesmo espírito agregador, a exposição compõe cenas onde o mobiliário convive com a abstração geométrica de artistas ligados aos princípios construtivistas, mas também trabalhos desses mesmos artistas em momentos que dialogaram com a abstração orgânica, a nova figuração e o pop.
