The Caretaker, de Steve Bishop, se desenrola na estranha quietude de um espaço doméstico abandonado, onde o tempo parece suspenso e a memória paira no ar como poeira. Produzido em 2018 para sua exposição individual Deliquescing no KW Berlin, The Caretaker é um filme de 24 minutos filmado pelo artista em uma cidade deserta no norte do Canadá. Construída em 1981 para abrigar trabalhadores de uma mina próxima, a cidade foi abandonada apenas dois anos depois, após o fechamento da mina. Na esperança de que as famílias pudessem retornar em breve, a administração local contratou um zelador residente para preservar as ruas e edifícios, em uma luta que já durava 36 anos quando esse filme foi feito, para impedir que a floresta ao redor retome o que um dia foi seu. 

O filme é não apenas um testemunho dos esforços desse zelador (que continua cortando a grama, consertando telhados e mantendo o aquecimento interno), mas também documenta a presença humana (luzes acesas, o zumbido da eletricidade) diante da força invasora da natureza. A obra medita sobre o peso psicológico dos espaços deixados para trás — lares esvaziados de seus habitantes, mas cheios de ecos. Por meio de planos longos, silenciosos e movimentos sutis, Bishop captura a atmosfera estranhamente familiar desses lugares intermediários: nem totalmente vivos, nem completamente mortos. O filme torna-se um estudo sobre a ausência, explorando como a arquitetura pode reter emoção — e como o próprio vazio pode se tornar uma forma de assombração 

Steve Bishop (n. 1983, Toronto, Canadá) vive e trabalha em Londres. Recentemente, realizou importantes exposições individuais na Kunsthalle Osnabrück; Kunstverein Braunschweig; KW Institute for Contemporary Art, Berlim; e Douglas Hyde Gallery, Dublin